Luíza Rolla
A situação enfrentada pela humanidade no último ano tornou inadiável uma transformação real nas formas de desenvolver o trabalho pedagógico. Desde o século passado Jonh Dewey, Maria Montessori, Freinet, Paulo Freire e tantos outros apontavam o protagonismo, a aprendizagem ativa e significativa para os estudantes como caminho necessário, mas pouco se trabalha nesse sentido. Atualmente José Morán é um dos maiores pesquisadores acerca do assunto e propositor de diversas metodologias.
Vem comigo e vamos desmistificar as metodologias ativas e perceber que elas. Além de fácil utilização, qualificarão o trabalho pedagógico de sala de aula otimizando o tempo que temos com os estudantes.
Por que é importante tornar o estudante o protagonista de sua aprendizagem?
O mundo vem transformando-se naturalmente, mas nos últimos dois anos as mudanças ocorridas nos tiraram da zona de conforto e nos obrigaram a acompanhá-las. Aulas on-line, tarefas à distância, uso de tecnologias que antes não faziam parte do cotidiano escolar. E a questão maior tornou-se:
Como desenvolver um trabalho pedagógico que preconize a aprendizagem sem o contato direto com o estudante? Sem o olho no olho? Sem a intervenção em tempo real?
Essas demandas mostraram-nos o quanto o ensino ainda era centrado no professor, pois foi difícil imaginar um processo pedagógico sem a presença física e o contato pessoal. Inicialmente a internet poderia ser uma aliada, mas segundo o IBGE, em pesquisa realizada em 2018, apenas 45,1% da população brasileira tem acesso a computadores, e 99,5% dos brasileiros acessam a internet pelo celular, o que limita os recursos a serem utilizados em termos de ferramentas digitais. Tudo indica que situações como essa serão recorrentes no mundo a partir de agora, e para tanto, precisamos estar preparados e preparar os estudantes para esse cenário.
Mas como o protagonismo entra nessa história? Não seremos mais, nós professores, necessários no processo de ensino e aprendizagem? Sendo protagonistas e autônomos os estudantes poderão aprender sozinhos?
Ao contrário, os professores tornam-se ainda mais essenciais nesse processo. O planejamento, a intencionalidade das metodologias, a discussões, reflexões e produções precisam estar alinhadas às habilidades que pretendemos desenvolver.
Algo que precisamos desmistificar é a ideia de que as metodologias ativas estão ligadas apenas às ferramentas digitais, pois elas referem-se à independência do estudante para construir seus processos de aprendizagem a partir das oportunidades criadas pelo professor. A autonomia necessária para isso é construída na sala de aula, com ações pedagógicas transformadas, que promovem o diálogo permanente, a resolução de problemas e a transformação da informação em conhecimento, não somente ligadas à tecnologia.
Paulo Freire já destacava o desenvolvimento da autonomia como indispensável para a construção de aprendizagens significativas que não ficassem encasteladas no ambiente escolar e servissem apenas para quantificar o que se aprendeu, mas que fossem significativas para a vida e modificassem a percepção e a ação dos sujeitos no mundo.
Nenhuma informação ou conhecimento é finito em si mesmo, ele sempre está atrelado a fatos, acontecimentos, à realidade, e estabelecer essas conexões é o que o torna significativo. As metodologias ativas oferecem exatamente isso, a reflexão, o diálogo, a compreensão e a significação do conhecimento.