Denise da Rosa Wedman*

No decorrer do mês de abril, presenciamos inúmeras atividades relativas ao Autismo, um transtorno do cérebro, atualmente chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). De acordo com pesquisas, o número de pessoas diagnosticadas segue crescendo, e mesmo assim, o transtorno continua sem causas definidas. O aumento significativo de casos, evidencia a necessidade de mais estudos e recursos para as intervenções, viabilizando também o apoio na escola, na rede social e, principalmente, na família.

As manifestações comportamentais que caracterizam o TEA podem impactar diretamente nas interações sociais, causando prejuízos em diversas áreas da vida da pessoa e daqueles de sua convivência. Por isso estou aqui, para ressaltar que somos únicos e o Autismo é uma condição, com alterações comportamentais variáveis e diferentes daqueles que estamos habituados.

Cada pessoa, viverá um processo singular, de acordo com seu temperamento, sua genética, entre vários outros fatores biológicos, psicológicos e sociais que influenciam no seu comportamento. Por conta disto, precisamos entender que o diagnóstico não define a pessoa, não podemos enquadrar alguém a partir de critérios estabelecidos por um manual. Uma pessoa com transtorno do espectro do autismo é, antes de tudo uma pessoa e não um transtorno. Assim, um indivíduo com TEA não é um autista, afinal os rótulos não definem a integralidade de uma pessoa. A princípio, o Autismo apresenta questões comuns, mas nem todas as pessoas manifestam ou externalizam da mesma forma. A ampla variação sintomática, exige mais cuidados e atenção, os níveis de ansiedade, irritação e agitação são algumas das variáveis do espectro.

Defendo a importância do diagnóstico, quando bem utilizado, pois ajuda a compreender as diferentes formas de manifestação, o grau de comprometimento, alinhado com as potencialidades e interesses da pessoa. Além destes aspectos, o diagnóstico auxilia a traçar o tratamento e escolher as melhores intervenções terapêuticas, que contribuirão para o alcance de mais autonomia e independência do sujeito, levando em consideração a fase de seu desenvolvimento. O diagnóstico constitui uma descrição e não uma explicação.

Provavelmente você deve estar se perguntando: “Qual a importância para a sociedade, de modo geral, ter conhecimento sobre o Autismo?” este é um questionamento muito comum, por vezes, algumas pessoas consideram que a informação só é válida para aqueles que estão envolvidos diretamente com a causa, mais especificamente os familiares, professores e profissionais da saúde que acompanham e auxiliam no tratamento. Porém não podemos esquecer que a importância da interação social para o desenvolvimento humano é indiscutível. Isso serve para todos. Desta forma, compreender o que é o Transtorno do Espectro do Autismo e como lidar com as dificuldades centrais do espectro autista, tornou-se essencial.

Muitas vezes, é a falta de informação que impede o acolhimento, interação e aceitação de alguém que no momento está aprendendo a conviver em sociedade. Este “alguém” pode ser um parente próximo ou de longe, um vizinho ou colega do seu filho ou filha. Mas os benefícios não param por aí. Somos seres humanos, cada um com sua “bagagem de vida”, e através da riqueza da diversidade somos motivados a desbravar novos horizontes, aprendendo mutuamente. Em tempos de intolerância, é da diversidade que nasce a esperança de uma sociedade mais tolerante, empática e mais humana.

Este é o objetivo do dia 02 de abril: Conscientizar a sociedade de que a inclusão é benéfica para todos, pois amplia a visão de mundo a partir do respeito à diversidade e cooperação. A conscientização sobre o tema é fundamental para informar as pessoas sobre o que é o Autismo, reduzindo mitos e preconceitos em torno deste diagnóstico. O acesso à informação ajuda a sociedade a conhecer melhor as características do transtorno e como lidar com as mais diversas manifestações. Desta forma, convido a todos a aproveitar as inúmeras atividades alusivas ao Autismo. Faça a sua parte, participando, refletindo e questionando sobre o espectro. Vamos lutar juntos!

  • Denise da Rosa Wedman é neuropsicóloga, psicopedagoga e psicóloga.

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